11/26/2008

A cura como processo

Genéticos, emocionais e externos. Estes são alguns dos fatores envolvidos no desenvolvimento de uma doença. Ela não é instantânea. Sua percepção sim. Quando mais agressiva mais positiva é.

Oportunidade de reflexão e valoração do amanhã, sua origem, muita vezes, é desconhecida. Abarcar os motivos é o mesmo que compreender o Todo. Importante? Talvez seja no processo de crescimento, mesmo que não seja o real. Até porque a realidade nada mais é que a digestão do hoje e suavização do depois.

Neste contexto, é a reação do acometido que ditará a progressão. Os níveis de vibrações baixos, que levam à depressão, são deletérios e amplificadores do doer. Mais uma vez está nos olhos, na compreensão, o processamento do amanhã.

A natureza opera com a calma necessária ao evoluir. Com ou sem dor, inevitável é o crescer.
Foto.

11/22/2008

Concretização conceitual

Caminhar e descobrir alternativas de lidar com o infinito é um dos obstáculos mais difíceis de transpor no viver.

Equacionar o mix sensorial e harmonizar o eu ao Todo é pura comunhão com o existir.

Representa a superação das incertezas e a profusão de um amanhã sem dor.

O amanhã!

10/13/2008

Momento incomum

Tristeza, insegurança e uma relativa confusão mental. Estes são sentimentos que não me pertencem, mas que nos últimos dias se fazem presente. Estou buscando me reconstruir, todavia os grandes desafios persistem. Enfrentando-os estou, logo, melhor estarei.

Foto: céu de Minas, um olhar.

9/27/2008

Interiores

Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em uma nova sala. Você pode não entrar; ficar observando a vida. Mas se você vence a dúvida, o medo e entra, dá um grande passo – nesta sala vive-se. Mas também, tem um preço... São inúmeras outras portas que você descobre. Às vezes "quebra-se a cara", às vezes "curte-se mil e uma".

O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa. Ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno.

A vida é generosa. A cada sala que se vive, descobrem-se tantas portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas.

Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a estagnação da vida ...

Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens ...

Içami Tiba
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8/26/2008

Aliado do viver

O tempo, no sentido material, só é palpável quando necessário. No sentido mais amplo, ele é perceptível no final de uma existência. Sua essência é avaliada em ocasiões, estações, eras, mais claramente, nos momentos do viver.

Mesmo para quem o observa com a consciência de sua não-existência, ele se faz presente na regulação carnal. É inevitável fugir, sob pena de ser escravo das vicissitudes mundanas. Encará-lo, consciente da sua efemeridade, poderá torná-lo um aliado. Aliado do viver!

8/19/2008

EU: multifacetado pela percepção

Algumas viagens e situações têm me colocado a pensar sobre a percepção e absorção do real. Voltar à cidade onde nasci me fez pensar como as imagens ganharam novos significantes. Os aspectos físicos são os mesmos, mas tudo ficou diferente: os amigos, as ruas, o verso e a poesia.

Como é difícil listar os motivos dessas mudanças. Pensando num todo, percebo que, nas relações humanas, modificações imediatas são mais impactantes e na maioria das vezes ganham novas dimensões de incompreensão.

Mas se os olhos são os mesmos, por que será que tudo está tão diferente? No meu caso, a resposta reside no objetivo colocado e na percepção de mundo que foi alterada pelo novo instante.

De forma mais abrangente, mas imediata, imagino que os seres evitam esse tipo de questionamento porque complexifica o hoje. O não-pensar dificulta a busca por uma compreensão ampliada das expressividades do ser. O que gera os nossos julgamentos cotidianos.

Ocasionados pela automatização do raciocínio, os julgamentos são uma simplificação do pensamento. O efeito mais imediato é que esses – no sentido de busca de compreensão de determinada atitude do ser – são feitos a partir do reflexo do próprio eu.

Por mais simples e automatizados que sejam, é difícil imaginar a compreensão sem cognição. Então como fazer para fugir das armadilhas do julgar? Talvez a resposta resida na certeza que a sua verdade é uma entre muitas outras e que o depois será acrescido de novas possibilidades.

Longe de ter uma resposta, carrego em mim a dúvida de ter certeza. Este texto é uma pequena representação da miscelânea do meu eu. A cada nova inspiração reconstruo o meu ser, destrocado pelos momentos do existir.

7/22/2008

Um voto em minhas relações com os outros

Você e eu estamos numa relação que eu valido e quero manter. Ainda que cada um de nós seja uma pessoa separada com necessidades diferentes e o direito a satisfazer essas necessidades, quando você estiver tendo problemas para satisfazer suas necessidades, eu tentarei escutar com aceitação genuína, a fim de facilitar que você encontre suas próprias soluções em vez de depender da minha. Eu também tentarei respeitar seu direito de escolher suas próprias convicções e desenvolver seus próprios valores, indiferente de quanto eles possam ser como os meus.

Porém, quando seu comportamento interferir com o que eu tenho que fazer para adquirir minhas próprias necessidades, eu lhe falarei aberta e honestamente como seu comportamento me afeta, confiando que você respeitará o bastante as minhas necessidades e sentimentos para tentar mudar o seu comportamento que é inaceitável para mim. Também, sempre que uma parte do meu comportamento for inaceitável para você, eu espero que você me fale aberta e honestamente, para que assim eu possa tentar mudar o meu comportamento.

Muitas vezes, quando acharmos que qualquer um de nós não pode mudar para satisfazer as necessidades do outro, reconheceremos que temos um conflito e nos comprometeremos a solucionar tal conflito, sem que qualquer um de nós recorra ao uso de poder ou autoridade para ganhar às custas da perda do outro. Eu respeitando suas necessidades, mas também respeitando as minhas próprias necessidades. Sendo assim, sempre nos esforcemos para procurar uma solução que seja aceitável para ambos de nós. Suas necessidades serão satisfeitas, e assim as minhas - ninguém perderá, ambos ganharemos.

Que possa ser uma relação saudável na qual ambos de nós possamos nos esforçar para tornar-nos o que nós somos capazes de ser. Nós podemos continuar nos relacionando um com o outro com respeito mútuo, amor e paz.
Mahatma Gandhi

Para o Ser nunca houve começo

Compreender questões universais não é nada fácil. Não há como exigir das pessoas nada além do que elas têm. Explicações são muitas, sejam elas físicas, religiosas ou místicas. Para uns, o universo tem necessariamente um começo e um fim, principalmente para nos basearmos, entre outras coisas, na finitude corpórea e na cosmologia judaico/cristã. Na perspectiva da física quântica, entretanto, o Universo, como o observo, é apenas uma, dentre inúmeras possibilidades.

A segunda, até certo ponto, é derivada da primeira, pois também tendemos a esquecer que o Universo é apenas um oceano infinito de energia em vários estados ou planos vibracionais. O Universo foi, é, e eternamente continuará sendo, didaticamente, um imenso oceano de moléculas de fótons, que em nossa dimensão se manifesta em vibrações de Luz, de Vida e de Amor...

Uma vez perguntaram a Einstein o que seria o oposto a clareza, ele respondeu a precisão. Sempre há uma incerteza. Neste caso específico, esclarecida pela FÉ.

*idéias retiradas de um diálogo místico.
Foto.

7/20/2008

Casamento consumado

A morte é uma grande companheira. Apesar de incerteza do momento de sua chegada, um dia ela chegará. Medo? Não, para quem tem a convicção que o hoje sempre será um amanhã, ela não assusta.

Tenho temor do descontrole e de todas as suas subdivisões. Principalmente porque sei que os seres estão sujeitos, inclusive eu. Respirar e digerir os momentos difíceis são alternativas plausíveis para se manter na linha da “sobriedade”.

Conhecer seus limites e perceber a aproximação dessa estação também é fundamental. Esta não é uma fórmula pronta e acabada, cada ser deve se observar e buscar seu equilíbrio. Além disso, cada um sabe o que é bom para si e traça os seus passos.

Na alegria ou na tristeza, o certo, para mim, é que todos os passos levam ao Criador.

Foto: Nebulosa

7/19/2008

Amor coletivo

A primeira oportunidade que a vida nos dá para aprendermos alguns conceitos da existência em coletividade é a vivência familiar. Esse é um processo intenso e influenciador de toda nossa formação. Com ela criaremos parâmetros para o nosso amanhã. Depois dessa, existem muitas outras ocasiões com representatividade menor.

A segunda grande chance para nossa evolução, no sentido coletivo e na atual compreensão de vida em sociedade, são os relacionamentos, veladamente conhecidos como agregadores familiares. Fortes, insanos, sóbrios, não importa. Todos são motivo de aprendizagem e acabam agregando, simbolicamente, mais aos nossos dias.

Nesta jornada, busco explicação para os mistérios do dividir. Desconfio que neles, os relacionamentos, sejam eles familiares ou não, repousam todos os segredos da irmandade. Como controlar e equiparar todas as diferenças dos momentos vividos?

Tenho, incessantemente, pensado sobre isso, mas não alcanço a resposta. Sei que buscarei por muito tempo, mas um dia alcançarei. Doação, compreensão, perdão, compaixão são singelas representações do amor. Estas só estão presentes nos possuidores de tal sentimento.

Único e indivisível, o amor.

7/18/2008

A ressonância do pensar

Pensamento transcrito em palavras pode significar a cristalização de um momento refletido. Imagino que este seja o significado deste blog e muitos outros espaços que servem de repositório do ontem.

Este não-lugar também serve como uma caixa de ressonância do meu eu e um processador do amanhã. Com ele, meus pensamentos são submetidos a outros olhos, amplificando as minhas possibilidades.

Sem você e seus comentários, leitor, este espaço perde a dimensão mutacional do depois. Obrigado pelo olhar!

7/17/2008

A concretude do existir

Viver embriagado pelo ar não foi uma escolha. Quando percebi já estava embevecido pela vida. Para quem lê os textos deste blog deve ser perguntar: como pode? É a pura contradição!

Descobri, a duras penas, que o conflito existencial é um afago para aqueles que estão em movimento. Afago comumente transformado em dor.

Esta é a chave e o grande desafio do depois: transmutar sentimentos deletérios em plenitude e evolução. Um caminho a ser trilhado. Onde será que estão as chaves deste segredo, velado pelos véus da ignorância?

Não há atalhos que dão acesso ao Infinito!?

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A invasão da angústia e a incomodação do viver

Estar angustiado é sinônimo de estar incomodado, num nível mais elevado, é claro. Nesse momento, a compreensão dos mais próximos é fundamental para que a situação não ganhe novas proporções e, quem sabe, seja amenizada. Eu, por características individualistas, tenho extrema dificuldade em compartilhar minhas dores em situações concretas.

A solidão imposta pelo meu viver me condicionou a ser assim. Superar isso talvez seja uma meta futura. Um passo é dado neste momento: conscientização. Esse é o primeiro passo para alteração de um estado.

Sim, incomodado estou.

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7/16/2008

Palavras

‘A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos’
Via
[Molière]

O agir ilógico aos olhos de quem vê

Hoje foi um dia muito difícil! Busco e não encontro. Gostaria de alcançar a compreensão de certos instantes. Como alcançar a complexidade do ser? Acho que nem em muitas encarnações captarei este emaranhado que é o ser humano. Tenho a impressão que cada ser carrega em si todas as possibilidades do viver. Cada um representando o mínimo e máximo da existência.

A única certeza que me resta é que regras, em termos do viver, não existem e que o fluxo nunca cessa. Estas (as regras dos homens) só existem para tornar a vida mais palpável e lógica, nada mais. Como sempre repito, a lógica esta nos olhos de quem vê.
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Independência

“A independência é o privilégio dos fortes, da reduzida minoria que tem o calor de auto-afirmar-se. E aquele que trata de ser independente, sem estar obrigado a isso, mostra que não apenas é forte mas também possuidor de uma audácia imensa. Aventura-se num labirinto, multiplica os mil perigos que implica a vida; se isola e se deixa arrastar por algum minotauro oculto na caverna de sua consciência. Se tal homem se extinguisse estaria tão longe da compreensão dos homens que estes nem o sentiriam nem se comoveriam em absoluto. Seu caminho está traçado, não pode voltar atrás, nem sequer lograr a compaixão dos seres humanos."
[Nietzsche]
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7/14/2008

Momento digestivo*

Quando mais instantânea é a ação do ser humano, melhor ele buscará agir. O grande desafio da humanidade é aperfeiçoar seus atos duradouros.

*O momento digestivo acontece, geralmente, de forma simultânea com a alimentação. É um dos grandes momentos de reflexão. Este é um dos instantes que me permito viajar e trazer a realidade o pensar. Devanear!!!

Foto: Olhares

7/12/2008

Uma transa gramatical

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.

E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, e a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.

Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente.

Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

*Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Foto: Olhares

6/29/2008

De mãe para mãe

*Resposta enviada para uma mãe, de outra mãe, em SP, como resposta a uma carta anterior.

Li, com muito dor, o texto que a senhora me enviou.

Senti a senhora amargurada com toda a desgraça que se abateu em sua família com o assassinato do seu filho e lhe dou razão.

Chorei ao ler sua carta e lembrar que não terei condições de visitar meu filho que há muito tempo tento mostrar que a vida pode ser melhor, longe de drogas e do meio que ele está inserido.

Lembrei também das vezes que ele foi espancado e violentado pelo pai, que bêbado batia em mim e me tirava a esperança de um amanhã melhor.

Nessa época não tínhamos apoio de ninguém. Muitas vezes fui à delegacia, mas os policiais não me ouviam e diziam que era para eu ter paciência.

Como gostaria que meu filho fosse trabalhador e estudioso como o seu era. Também me conforta em saber que você tem um companheiro maravilho, coisa que o meu nunca foi.

Tem horas que acho que a vida é muito boa para uns e perversa para outros. Já pedi uma resposta ao meu Deus sobre isso, mas até o momento não entendo o que fiz a ele para merecer uma vida dessas.

Quando li sua carta, como sou mãe, entendi que você era a mãe daquele jovem que o meu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo locadora, onde ele, seu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo não estarei beijando e fazendo carícias mãe, meu filho não me deixa encostar-se a ele. Vive revolta com todos, sempre repetindo que esta no inferno e que a vida é de cão.

Insisto em ir visitá-lo porque aparecem alguns representantes dessas entidades, que a senhora se referiu na carta, que me incentivam e dizem que é possível recuperá-lo e torná-lo mais humano. Mas confesso mãe, estou cansada e sua carta me incentiva a desistir.

Talvez se antes tivessem aparecido essas pessoas e eu aprendesse a lidar melhor com meu filho e com as desgraças que meu marido fez a mim e a ele, isso tudo não estava acontecendo comigo e repetidas vezes com outras pessoas no mundo.

É uma pena que NUNCA tenham aparecido “nenhum representante destas 'Entidades'” em sua casa para lhe passar uma palavra de conforto e lhe mostrar seus direitos, porque eles até poderiam lhe dar um pouco de esperança e lhe incentivar a ajudar a salvar outros filhos, de outras mães.

Fico triste com isso, é sinal que falta, no mundo, pessoas sensíveis e engajadas com a dor do próximo.

Pessoas que consigam entender que a dor do outro poderá ser sua dor amanhã.

Talvez, mãe, seja uma oportunidade da senhora se engajar e tentar mostrar isso a outras pessoas.

Com amor, de uma mãe DESILUDIDA, e também sem filho, à outra mãe DESILUDIDA sem filho.

*Circule esta resposta ao manifesto! Talvez a gente consiga acabar com toda essa revolta e não alimente toda incompreensão existem no Brasil e no mundo!

OBS: escrevi esse texto sem preocupação estética e com normas gramaticais, foi um desabafo. Espero que sirva para reflexão.
OBS1: O texto é uma resposta ao manifesto escrito por Romeu Prisco
Foto: Olhares

6/28/2008

Colonizando o amanhã

Como controlar o amanhã? Indubitavelmente esta é uma reflexão pontual no viver de alguém. Na maioria das vezes não formulada dessa forma, mas em gestos mais singelos, como: o que vou fazer amanhã? Todos querem ter o controle do dia seguinte. Até os seguidores do carpe diem são herdeiros das suas ações e escravos da seqüência dos fatos. A percepção que tenho é que as pessoas têm buscado uma forma de subordinar o futuro aos seus planos e expectativas do momento. Tento escapar disso. Não que ache que seja errado buscar e fazer planos. O que aconselho é que observem que nossos desejos não estão acima da coletividade e que nem sempre são os melhores. Ter tranqüilidade, e manter a observância-reflexiva, é condição sine qua non para enfrentar as vicissitudes do existir e alcançar a Paz Profunda.

Foto: Olhares.

6/04/2008

Da alegria e da tristeza

A vossa alegria é a vossa tristeza mascarada.

E o mesmo poço de onde sai o vosso riso esteve muitas vezes cheio de lágrimas.

E como poderá ser de outra maneira?

Quanto mais fundo a tristeza entrar no vosso ser, maior é a alegria que podereis conter.

A taça que contém o vosso vinho não é a mesma que foi feita no forno do oleiro?

E a lira que vos apanigua o espírito não é da mesma madeira com que foram esculpidas as facas?

Quando estiverdes alegres, olhai bem dentro do vosso coração e descobrireis que só aquele que vos deu tristezas vos dá também alegrias.

Quando estiverdes tristes, olhai novamente para dentro do vosso coração e vereis que na verdade estais a chorar por aquilo que foi a vossa alegria.

Alguns de vós dizeis, "A alegria é maior que a tristeza" e outros dirão "Não, a tristeza é maior".

Mas eu digo-vos que são inseparáveis.

Juntas vêm, e, quando uma se senta junto de vós lembrai-vos que a outra está a dormir na vossa cama.

Na verdade, estais suspensos como balanças entre a vossa tristeza e a vossa alegria.

Só quando vos esvaziais ficais em equilíbrio e imóveis.

Quando o guardador de tesouros vos erguer para pesar o seu ouro e a sua prata, nem a vossa alegria nem a vossa tristeza se devem alterar.

O Profeta (PDF)
Khalil gibran

6/03/2008

Como penso em você

Diversas vezes, durante a semana, lembro deste espaço. Como gostaria de estar colocando minhas impressões nele diariamente. O que falta, talvez, seja organização. Não sei! Como é difícil blogar. Não apenas escrever, mas acompanhar o que os outros escrevem. Sei que no processo de construção do eu, esse seria um grande trunfo. Principalmente para mim, que tanto valorizo a comunicação e o intercâmbio de “sentires”. Bom, o que posso dizer, neste momento, é que vou me esforçar mais.

3/09/2008

A alienação do sentir

Nesta última semana observei muito a vida. Constâncias incontidas em meu ser tem se apresentado de forma latente: dor, incertezas e ânsia. Tudo muito guardado e pouco materializado em ações. Agora, os primeiros passos foram dados e logo tudo isso estará dissipado em novos momentos. Suspeito, inclusive, que novos momentos como estes virão. Imagino que este é o defeito de quem vive refletindo no emaranhado de experiências sem tirar os pés no chão e com os olhos no amanhã. O eterno construir deve ser mais confortável para as mentes alienadas. Mas o que é ser alienado mesmo?

Retirei esta imagem do Olhares. Para quem gosta de fotografia, o local é perfeito.

2/26/2008

Inverdades da certeza

Conviver com incertezas da verdade é um grande drama em meu existir. Nesta diversidade de verdades e motivações fico angustiado por não abarcar às impressões dos seres. Parece ser uma idéia egoística, mas no momento ela tem lógica e dramaticidade em meu viver. Busco entender de onde vem esse medo e todas as minhas incertezas. Ser enganado não é tão ruim assim ou é?

1/05/2008

Férias?

Alguns dias distante da Capital Federal e a mente já está um pouco oxigenada. Não posso dizer que estou exatamente férias: reuniões, encontros e muitas noites perdidas – abomino.

Um universo relativamente novo. Muitas conversas, mas poucas idéias – talvez essa seja a maior limitação do relacionar-se. Como estou buscando compreender mais, então a maleabilidade tem feito parte de mim.

Tenho mais uma semana longe de casa. Sei que não serão [dias] muito diferentes das que já passei, mas vamos vivê-las e pagar para ver. Dentro do universo das possibilidades, mesmo amanhã sendo relativamente previsível, a surpresa é um elemento chave e renovador. Vida... surpreenda-me!!!