6/29/2008

De mãe para mãe

*Resposta enviada para uma mãe, de outra mãe, em SP, como resposta a uma carta anterior.

Li, com muito dor, o texto que a senhora me enviou.

Senti a senhora amargurada com toda a desgraça que se abateu em sua família com o assassinato do seu filho e lhe dou razão.

Chorei ao ler sua carta e lembrar que não terei condições de visitar meu filho que há muito tempo tento mostrar que a vida pode ser melhor, longe de drogas e do meio que ele está inserido.

Lembrei também das vezes que ele foi espancado e violentado pelo pai, que bêbado batia em mim e me tirava a esperança de um amanhã melhor.

Nessa época não tínhamos apoio de ninguém. Muitas vezes fui à delegacia, mas os policiais não me ouviam e diziam que era para eu ter paciência.

Como gostaria que meu filho fosse trabalhador e estudioso como o seu era. Também me conforta em saber que você tem um companheiro maravilho, coisa que o meu nunca foi.

Tem horas que acho que a vida é muito boa para uns e perversa para outros. Já pedi uma resposta ao meu Deus sobre isso, mas até o momento não entendo o que fiz a ele para merecer uma vida dessas.

Quando li sua carta, como sou mãe, entendi que você era a mãe daquele jovem que o meu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo locadora, onde ele, seu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo não estarei beijando e fazendo carícias mãe, meu filho não me deixa encostar-se a ele. Vive revolta com todos, sempre repetindo que esta no inferno e que a vida é de cão.

Insisto em ir visitá-lo porque aparecem alguns representantes dessas entidades, que a senhora se referiu na carta, que me incentivam e dizem que é possível recuperá-lo e torná-lo mais humano. Mas confesso mãe, estou cansada e sua carta me incentiva a desistir.

Talvez se antes tivessem aparecido essas pessoas e eu aprendesse a lidar melhor com meu filho e com as desgraças que meu marido fez a mim e a ele, isso tudo não estava acontecendo comigo e repetidas vezes com outras pessoas no mundo.

É uma pena que NUNCA tenham aparecido “nenhum representante destas 'Entidades'” em sua casa para lhe passar uma palavra de conforto e lhe mostrar seus direitos, porque eles até poderiam lhe dar um pouco de esperança e lhe incentivar a ajudar a salvar outros filhos, de outras mães.

Fico triste com isso, é sinal que falta, no mundo, pessoas sensíveis e engajadas com a dor do próximo.

Pessoas que consigam entender que a dor do outro poderá ser sua dor amanhã.

Talvez, mãe, seja uma oportunidade da senhora se engajar e tentar mostrar isso a outras pessoas.

Com amor, de uma mãe DESILUDIDA, e também sem filho, à outra mãe DESILUDIDA sem filho.

*Circule esta resposta ao manifesto! Talvez a gente consiga acabar com toda essa revolta e não alimente toda incompreensão existem no Brasil e no mundo!

OBS: escrevi esse texto sem preocupação estética e com normas gramaticais, foi um desabafo. Espero que sirva para reflexão.
OBS1: O texto é uma resposta ao manifesto escrito por Romeu Prisco
Foto: Olhares

6/28/2008

Colonizando o amanhã

Como controlar o amanhã? Indubitavelmente esta é uma reflexão pontual no viver de alguém. Na maioria das vezes não formulada dessa forma, mas em gestos mais singelos, como: o que vou fazer amanhã? Todos querem ter o controle do dia seguinte. Até os seguidores do carpe diem são herdeiros das suas ações e escravos da seqüência dos fatos. A percepção que tenho é que as pessoas têm buscado uma forma de subordinar o futuro aos seus planos e expectativas do momento. Tento escapar disso. Não que ache que seja errado buscar e fazer planos. O que aconselho é que observem que nossos desejos não estão acima da coletividade e que nem sempre são os melhores. Ter tranqüilidade, e manter a observância-reflexiva, é condição sine qua non para enfrentar as vicissitudes do existir e alcançar a Paz Profunda.

Foto: Olhares.

6/04/2008

Da alegria e da tristeza

A vossa alegria é a vossa tristeza mascarada.

E o mesmo poço de onde sai o vosso riso esteve muitas vezes cheio de lágrimas.

E como poderá ser de outra maneira?

Quanto mais fundo a tristeza entrar no vosso ser, maior é a alegria que podereis conter.

A taça que contém o vosso vinho não é a mesma que foi feita no forno do oleiro?

E a lira que vos apanigua o espírito não é da mesma madeira com que foram esculpidas as facas?

Quando estiverdes alegres, olhai bem dentro do vosso coração e descobrireis que só aquele que vos deu tristezas vos dá também alegrias.

Quando estiverdes tristes, olhai novamente para dentro do vosso coração e vereis que na verdade estais a chorar por aquilo que foi a vossa alegria.

Alguns de vós dizeis, "A alegria é maior que a tristeza" e outros dirão "Não, a tristeza é maior".

Mas eu digo-vos que são inseparáveis.

Juntas vêm, e, quando uma se senta junto de vós lembrai-vos que a outra está a dormir na vossa cama.

Na verdade, estais suspensos como balanças entre a vossa tristeza e a vossa alegria.

Só quando vos esvaziais ficais em equilíbrio e imóveis.

Quando o guardador de tesouros vos erguer para pesar o seu ouro e a sua prata, nem a vossa alegria nem a vossa tristeza se devem alterar.

O Profeta (PDF)
Khalil gibran

6/03/2008

Como penso em você

Diversas vezes, durante a semana, lembro deste espaço. Como gostaria de estar colocando minhas impressões nele diariamente. O que falta, talvez, seja organização. Não sei! Como é difícil blogar. Não apenas escrever, mas acompanhar o que os outros escrevem. Sei que no processo de construção do eu, esse seria um grande trunfo. Principalmente para mim, que tanto valorizo a comunicação e o intercâmbio de “sentires”. Bom, o que posso dizer, neste momento, é que vou me esforçar mais.