7/22/2008

Um voto em minhas relações com os outros

Você e eu estamos numa relação que eu valido e quero manter. Ainda que cada um de nós seja uma pessoa separada com necessidades diferentes e o direito a satisfazer essas necessidades, quando você estiver tendo problemas para satisfazer suas necessidades, eu tentarei escutar com aceitação genuína, a fim de facilitar que você encontre suas próprias soluções em vez de depender da minha. Eu também tentarei respeitar seu direito de escolher suas próprias convicções e desenvolver seus próprios valores, indiferente de quanto eles possam ser como os meus.

Porém, quando seu comportamento interferir com o que eu tenho que fazer para adquirir minhas próprias necessidades, eu lhe falarei aberta e honestamente como seu comportamento me afeta, confiando que você respeitará o bastante as minhas necessidades e sentimentos para tentar mudar o seu comportamento que é inaceitável para mim. Também, sempre que uma parte do meu comportamento for inaceitável para você, eu espero que você me fale aberta e honestamente, para que assim eu possa tentar mudar o meu comportamento.

Muitas vezes, quando acharmos que qualquer um de nós não pode mudar para satisfazer as necessidades do outro, reconheceremos que temos um conflito e nos comprometeremos a solucionar tal conflito, sem que qualquer um de nós recorra ao uso de poder ou autoridade para ganhar às custas da perda do outro. Eu respeitando suas necessidades, mas também respeitando as minhas próprias necessidades. Sendo assim, sempre nos esforcemos para procurar uma solução que seja aceitável para ambos de nós. Suas necessidades serão satisfeitas, e assim as minhas - ninguém perderá, ambos ganharemos.

Que possa ser uma relação saudável na qual ambos de nós possamos nos esforçar para tornar-nos o que nós somos capazes de ser. Nós podemos continuar nos relacionando um com o outro com respeito mútuo, amor e paz.
Mahatma Gandhi

Para o Ser nunca houve começo

Compreender questões universais não é nada fácil. Não há como exigir das pessoas nada além do que elas têm. Explicações são muitas, sejam elas físicas, religiosas ou místicas. Para uns, o universo tem necessariamente um começo e um fim, principalmente para nos basearmos, entre outras coisas, na finitude corpórea e na cosmologia judaico/cristã. Na perspectiva da física quântica, entretanto, o Universo, como o observo, é apenas uma, dentre inúmeras possibilidades.

A segunda, até certo ponto, é derivada da primeira, pois também tendemos a esquecer que o Universo é apenas um oceano infinito de energia em vários estados ou planos vibracionais. O Universo foi, é, e eternamente continuará sendo, didaticamente, um imenso oceano de moléculas de fótons, que em nossa dimensão se manifesta em vibrações de Luz, de Vida e de Amor...

Uma vez perguntaram a Einstein o que seria o oposto a clareza, ele respondeu a precisão. Sempre há uma incerteza. Neste caso específico, esclarecida pela FÉ.

*idéias retiradas de um diálogo místico.
Foto.

7/20/2008

Casamento consumado

A morte é uma grande companheira. Apesar de incerteza do momento de sua chegada, um dia ela chegará. Medo? Não, para quem tem a convicção que o hoje sempre será um amanhã, ela não assusta.

Tenho temor do descontrole e de todas as suas subdivisões. Principalmente porque sei que os seres estão sujeitos, inclusive eu. Respirar e digerir os momentos difíceis são alternativas plausíveis para se manter na linha da “sobriedade”.

Conhecer seus limites e perceber a aproximação dessa estação também é fundamental. Esta não é uma fórmula pronta e acabada, cada ser deve se observar e buscar seu equilíbrio. Além disso, cada um sabe o que é bom para si e traça os seus passos.

Na alegria ou na tristeza, o certo, para mim, é que todos os passos levam ao Criador.

Foto: Nebulosa

7/19/2008

Amor coletivo

A primeira oportunidade que a vida nos dá para aprendermos alguns conceitos da existência em coletividade é a vivência familiar. Esse é um processo intenso e influenciador de toda nossa formação. Com ela criaremos parâmetros para o nosso amanhã. Depois dessa, existem muitas outras ocasiões com representatividade menor.

A segunda grande chance para nossa evolução, no sentido coletivo e na atual compreensão de vida em sociedade, são os relacionamentos, veladamente conhecidos como agregadores familiares. Fortes, insanos, sóbrios, não importa. Todos são motivo de aprendizagem e acabam agregando, simbolicamente, mais aos nossos dias.

Nesta jornada, busco explicação para os mistérios do dividir. Desconfio que neles, os relacionamentos, sejam eles familiares ou não, repousam todos os segredos da irmandade. Como controlar e equiparar todas as diferenças dos momentos vividos?

Tenho, incessantemente, pensado sobre isso, mas não alcanço a resposta. Sei que buscarei por muito tempo, mas um dia alcançarei. Doação, compreensão, perdão, compaixão são singelas representações do amor. Estas só estão presentes nos possuidores de tal sentimento.

Único e indivisível, o amor.

7/18/2008

A ressonância do pensar

Pensamento transcrito em palavras pode significar a cristalização de um momento refletido. Imagino que este seja o significado deste blog e muitos outros espaços que servem de repositório do ontem.

Este não-lugar também serve como uma caixa de ressonância do meu eu e um processador do amanhã. Com ele, meus pensamentos são submetidos a outros olhos, amplificando as minhas possibilidades.

Sem você e seus comentários, leitor, este espaço perde a dimensão mutacional do depois. Obrigado pelo olhar!

7/17/2008

A concretude do existir

Viver embriagado pelo ar não foi uma escolha. Quando percebi já estava embevecido pela vida. Para quem lê os textos deste blog deve ser perguntar: como pode? É a pura contradição!

Descobri, a duras penas, que o conflito existencial é um afago para aqueles que estão em movimento. Afago comumente transformado em dor.

Esta é a chave e o grande desafio do depois: transmutar sentimentos deletérios em plenitude e evolução. Um caminho a ser trilhado. Onde será que estão as chaves deste segredo, velado pelos véus da ignorância?

Não há atalhos que dão acesso ao Infinito!?

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A invasão da angústia e a incomodação do viver

Estar angustiado é sinônimo de estar incomodado, num nível mais elevado, é claro. Nesse momento, a compreensão dos mais próximos é fundamental para que a situação não ganhe novas proporções e, quem sabe, seja amenizada. Eu, por características individualistas, tenho extrema dificuldade em compartilhar minhas dores em situações concretas.

A solidão imposta pelo meu viver me condicionou a ser assim. Superar isso talvez seja uma meta futura. Um passo é dado neste momento: conscientização. Esse é o primeiro passo para alteração de um estado.

Sim, incomodado estou.

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7/16/2008

Palavras

‘A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos’
Via
[Molière]

O agir ilógico aos olhos de quem vê

Hoje foi um dia muito difícil! Busco e não encontro. Gostaria de alcançar a compreensão de certos instantes. Como alcançar a complexidade do ser? Acho que nem em muitas encarnações captarei este emaranhado que é o ser humano. Tenho a impressão que cada ser carrega em si todas as possibilidades do viver. Cada um representando o mínimo e máximo da existência.

A única certeza que me resta é que regras, em termos do viver, não existem e que o fluxo nunca cessa. Estas (as regras dos homens) só existem para tornar a vida mais palpável e lógica, nada mais. Como sempre repito, a lógica esta nos olhos de quem vê.
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Independência

“A independência é o privilégio dos fortes, da reduzida minoria que tem o calor de auto-afirmar-se. E aquele que trata de ser independente, sem estar obrigado a isso, mostra que não apenas é forte mas também possuidor de uma audácia imensa. Aventura-se num labirinto, multiplica os mil perigos que implica a vida; se isola e se deixa arrastar por algum minotauro oculto na caverna de sua consciência. Se tal homem se extinguisse estaria tão longe da compreensão dos homens que estes nem o sentiriam nem se comoveriam em absoluto. Seu caminho está traçado, não pode voltar atrás, nem sequer lograr a compaixão dos seres humanos."
[Nietzsche]
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7/14/2008

Momento digestivo*

Quando mais instantânea é a ação do ser humano, melhor ele buscará agir. O grande desafio da humanidade é aperfeiçoar seus atos duradouros.

*O momento digestivo acontece, geralmente, de forma simultânea com a alimentação. É um dos grandes momentos de reflexão. Este é um dos instantes que me permito viajar e trazer a realidade o pensar. Devanear!!!

Foto: Olhares

7/12/2008

Uma transa gramatical

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.

E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, e a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.

Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente.

Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

*Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Foto: Olhares