A família é um laboratório para vida. É ela que nos prepara para o amanhã. Nela, desenvolvemos e experienciamos um emaranhado de sentimentos. A partir disso, podemos colocar em prática com todos os seres existentes o maior, a síntese, de todos os sentires: o amor.
Há tempo me questiono porque essa experiência, na prática, não é ampliada. O que vejo são vivências segregadoras. Na maioria das vezes, os filhos são criados como fruto. Dando continuidade a um rito incessante. Um filho deveria ter a função social? O questionamento reflete uma convicção: a possibilidade de formar um ser melhor, capaz de querer, fazer, um mundo melhor.
Conscientes ou não, é fato que estamos preparando nossos filhos para o mundo, para sua sobrevivência/existência. Nem sempre os pais estão conscientes disso. Formam suas crias no sono existencial, automatizados pelos instantes da vida. Cada um usando sua compreensão, a formação que teve, para fazer o melhor.
Com isso, criamos seres segregadores, que elegem os preteridos. Neste contexto, questões pontuais surgem: a família sempre está em primeiro lugar? Há diferenças entre os seres? A sua dor é menor do que a do outro? Dentro do universo existencial, essas micro-individualizações, que são as famílias, saqueiam uniões mais amplas e legitimam a exclusão de outros.
É importante que fique claro que não estou defendendo o fim da instituição. Milito pela reflexão do ato, como também pela ampliação dos laços. Todos têm a ganhar.
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